da Redação
A SECOM entrevistou direto da capital Campo Grande, Rogério Beretta, secretário da SEMAGRO, que além de exaltar a importância do +Pecuária para o Estado, falou dos desafios e perspectivas de uma das últimas fronteiras agrícolas do país e sua tradição na bovinocultura
As três principais atividades econômicas deste Estado de enorme dimensão territorial, transformam o Mato Grosso do Sul em um dos principais celeiros agrícolas do mundo. A sua agricultura, pecuária e agroindústria se destacam pela quantidade e a qualidade do que é produzido. O agronegócio obtém grandes receitas exportando commodities, como soja, cana-de-açúcar, milho, gado e celulose. E a agricultura familiar, sempre na garantia da segurança alimentar, produz os alimentos que chegam à mesa de 70% dos brasileiros.
Pelo último censo de 2017, a principal atividade agrícola dos pequenos produtores do Mato Grosso do Sul é a agropecuária. Com quase 50 mil estabelecimentos, ela está bem à frente da segunda colocada, a lavoura, com um pouco mais de 10 mil propriedades. Por sua dimensão territorial de 357 mil km², associada a uma baixa densidade demográfica com uma população de quase 2,7 milhões de habitantes, o Estado segue com uma das grandes fronteiras agrícolas do Brasil.
Pela Lei da Agricultura Familiar, cada propriedade deve ter no máximo 4 módulos fiscais. Ocorre que no Mato Grosso do Sul, apenas 1 módulo fiscal pode ter de 60 a 100 hectares, o que garante bastante espaço para a atividade da pecuária familiar. O gado de corte contava neste mesmo censo com 1,2 milhão de cabeças e o rebanho leiteiro também com 1,2 milhão de cabeças. A atividade agropecuária ainda conta os criadores de bubalinos, equinos, asininos, muares, suínos, caprinos, ovinos e aves.
É neste cenário de grandes desafios para manter um crescimento agrícola permanente, que atua a SEMAGRO, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, comandada pelo secretário Rogério Beretta.
Nesta entrevista ao editor de jornalismo da SECOM, Wilson Ribeiro, o secretário Rogério Beretta, engenheiro agrônomo formado pela USP e com especialização em agronegócios pela Fundação Getúlio Vargas, falou da atuação da SEMAGRO, do fomento e incentivo ao segmento da agropecuária, da promoção de programas que fixam o homem no campo, de empreendedorismo rural e das perspectivas com a chegada do +Pecuária Brasil, após assinatura do Acordo de Cooperação Técnica firmado com a CONAFER.
SECOM:
Como atua a SEMAGRO no segmento da agricultura familiar do Mato Grosso do Sul?
Rogério Beretta:
A nossa secretaria atua pelo desenvolvimento e elaboração de políticas públicas, englobando os órgãos executores e responsáveis pela aplicação destas políticas. E um dos órgãos é o do Meio Ambiente, pois o desenvolvimento só existe respeitando sempre as leis e licenciamentos, as regras de sustentabilidade. Este trabalho de alinhamento facilita muito porque tudo é resolvido com muito critério. A agricultura familiar tem uma superintendência voltada exclusivamente ao segmento, uma coordenação para cuidar especificamente do setor agrofamiliar em todas as áreas, o que inclui um olhar para a pecuária, como a de leite, as culturas hortifrutigranjeiras
e a agroindústria. Neste olhar transversal das cadeias produtoras, temos o grande apoio da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural, a AGRAER, que executa as ações e políticas públicas com um número de 300 técnicos do Estado levando assistência técnica e extensão rural.
SECOM:
Como se encontra o segmento da agricultura familiar no Mato Grosso Sul?
Rogério Beretta:
A realidade do estado é de 120 mil inscrições entre grandes e pequenas propriedades, incluindo os arrendatários. Grande parte são pequenos produtores, e sabemos da força e da representatividade econômica da agricultura familiar na economia do estado, produzindo e gerando divisas. Trabalhamos no fortalecimento de todo o segmento por meio da AGRAER, com ações e projetos, acesso ao Pronaf junto ao Banco do Brasil e Sicredi, visitas para emissão de DAPs. No passado,
as demandas administrativas impuseram dificuldades de acesso às linhas de crédito. Mas estamos melhorando isso e replicando todas estas iniciativas de levar crédito à agricultura familiar. Temos sido eficazes nesta missão.
SECOM:
Quais as suas expectativas para o +Pecuaria e futuras parcerias com a CONAFER?
Rogério Beretta:
Com o +Pecuária vamos fomentar um setor que hoje produz 90% do leite do Estado. Mas temos muitas ações e projetos, alternativas no hortifrutigranjeiros com um volume muito grande da parte dos assentados do INCRA, são 30 mil famílias precisando de crédito fundiário, temos a piscicultura mais recentemente se desenvolvendo muito.
Porém o +Pecuária Brasil é sinônimo de tecnologia. A tecnologia da reprodução e do melhoramento genético, vamos ter mais produtividade e lucro para os produtores. Por isso, este programa é muito importante. Já mapeamos o perfil que estamos buscando, falamos com os municípios, por meio do nosso órgão de assistência técnica, com os veterinários, temos parceria com o Sebrae. Estamos selecionando os produtores que vão fazer parte do +Pecuária nesta parceria com a CONAFER.
Estas novas parcerias são música para os ouvidos. Quanto ao +Pecuária, a genética e só o primeiro passo e tem respostas mais longas, com a gestação, a recria exige uma atenção constante, com a nutrição, o pasto, gestão da propriedade e dos rebanhos, para que a gente possa fortalecer os nossos pequenos agropecuaristas. Esta semente da inseminação veio para germinar, crescer e dar frutos de um novo tempo para a agricultura familiar do Mato Grosso do Sul.
O programa +Pecuária Brasil
A CONAFER, em parceria com empresa líder mundial na tecnologia de inseminação artificial, a ALTA GENETICS, desenvolveu o programa + Pecuária Brasil para o desenvolvimento dos rebanhos bovinos de corte e leite dos agropecuaristas familiares brasileiros.
O +Pecuária Brasil é um divisor de águas no campo, e vai contribuir para o crescimento socioeconômico dos pecuaristas do segmento da agricultura familiar. Em parceria com as Secretarias de Agricultura e Agropecuária dos estados, a CONAFER fará a doação de centenas de milhares de doses de sêmens durante os próximos 4 anos em pequenas propriedades em todas as regiões do território nacional.